Ano VIII - nº 2 - Setembro de 2004voltar
Educação
Um depoimento sobre o Fórum Mundial de Educação, em Porto Alegre
Foi a primeira vez que tive a oportunidade de participar de algo desta magnitude. Foi uma experiência incrível, por vários motivos. Já começou pela viagem, que foi uma agradável surpresa: 26 horas num ônibus fretado pelo Sinpro-Rio para levar sua delegação de 44 professores. A viagem se descortinou como uma ótima oportunidade para fazer novos amigos e ver paisagens lindas deste nosso Brazil!
Na chegada ao Gigantinho – estádio que sediou o Fórum – a surpresa em ver a quantidade de professores vindos não apenas de todas as regiões do Brasil, mas também de vários países da América do Sul e alguns da Europa – 22 mil no total.
Todos preocupados e engajados na discussão da condução da educação nestes países, que têm sofrido semelhantes golpes do neoliberalismo agressivo, que trata educação como mercadoria, alunos como clientes e professores como meros transmissores de conhecimento e, portanto, fazedores de dinheiro.
Foi outra supresa participar das palestras e saber que a Finlândia é o país que mais investe em Educação, e por isso não padece de analfabetismo, tem baixo índice de problemas com desemprego e de jovens envolvidos com drogas. O governo finlandês investe 3 mil euros por aluno por ano, ao passo que em toda a América do Sul, incluindo o Brasil, o investimento não passa de 150 euros.
Temos muito o que caminhar para podermos oferecer às nossas crianças, jovens e adultos ainda não alfabetizados uma educação de boa qualidade.
Os países da América do Sul têm sofrido golpes semelhantes no que diz respeito ao sucateamento de uma educação pública de base com qualidade. A maior parte das escolas se encontram na rede privada, na qual os professores recebem salários magros. Em muitos países, ou não têm direitos trabalhistas ou sofrem discriminação pelo fato de se sindicalizarem.
Aqui no Brasil temos esta liberdade de nos sindicalizarmos e lutarmos pelos nossos direitos. Mais do que nunca, é hora de nos unirmos e lutarmos por políticas educacionais que venham ao encontro dos anseios da sociedade, e por governos que cuidem com o coração do social, em especial da educação e da saúde, como vimos o bom exemplo do governo municipal de São Paulo, com a criação do CEU, um projeto em que a criança permanece o dia todo na escola, recebe as 3 refeições e tem acesso a esportes, lazer, música, artes, podendo tornar-se um cidadão consciente e melhor.
Espero ter outras oportunidades de participar de um encontro tão importante como este, que cada vez mais professores possam comparecer e que possamos fazer diferença na nossa geração, produzindo um ensino com qualidade e cidadãos conscientes do seu papel na sociedade.
Suzana Castro, diretora do Sinpro-Rio